segunda-feira, 20 de abril de 2020

Por que os suicídios estão diminuindo durante a pandemia de coronavírus?



Um quarto da população mundial permanece em casa devido a uma pandemia causada por um coronavírus, que já causou mais de 150.000 mortes em três meses. Um drama de dimensões que a humanidade não enfrentava há décadas. A magnitude do problema é tal que muitos dos nossos problemas anteriores tornaram-se menores e sem importância. E isso, que ocorre no nível social, também ocorre no nível individual e, segundo especialistas, tem impacto direto nos suicídios: os suicídios diminuíram.
Javier Jiménez, psicólogo clínico da Associação de Pesquisa, Prevenção e Intervenção do Suicídio (na Espanha) garante que todos os psicólogos e especialistas em urgências, emergências e catástrofes estão convencidos de que os suicídios diminuíram nesses três meses, embora também reconheçam que, assim que essa situação acabar, eles vão subir novamente. Segundo esse especialista - com as informações que ele gerencia dos institutos de medicina legal que consulta e as informações de sua organização - os casos registrados apontam sim para uma diminuição:
 “Na Associação, toda semana temos três, quatro ou cinco casos de pessoas que nos comunicam da Espanha ou mesmo do exterior, nos dizendo que alguém próximo cometeu suicídio ou tentou. Agora temos uma ou nenhuma ligação por semana, nem de ideação suicida [pensamentos suicidas], nem de intenção, nem de suicídio consumado”.
Embora esses dados se refiram à sua experiência e à de seus colegas, ainda não se tem pesquisas evidenciando esse fenômeno. Para falar sobre os dados completos sobre suicídio durante esse período de pandemia, será preciso esperar anos para que o INE os publique.
Esse psicólogo que monitora os suicídios que ocorrem no mundo garante que, em relação direta com coronavírus, houve 8 em todo o mundo. Dois deles na Espanha, duas pessoas que cometeram suicídio em hospitais quando diagnosticadas com coronavírus. "Para essas pessoas, provavelmente, foi a gota que encheu o copo, porque não conhecemos a situação anterior delas, então não podemos fazer uma relação de causa e efeito. O coronavírus seria mais um fator nesses suicídios, não a causa determinante.”
EFEITO DE GUERRA
E qual a explicação, ainda que provisória, para esse diminuição de suicídios? "Agora que estamos comparando essa situação a uma guerra, é exatamente isso que acontece durante um período de guerra: os suicídios diminuem significativamente", explica o psicólogo. O motivo é que as prioridades da vida mudam: “Quem realmente se importa agora se você comprou o iPhone mais recente ou os sapatos de uma marca famosa? Agora, o importante são álcool gel, máscaras, comida...  e ninguém está louco pra sair de casa e comprar o último modelo de iPhone”.
É claro que as causas são bem mais complexas, porém "alguns problemas de pessoas que não sabem muito bem por que alimentavam tantos conflitos, quando são confrontadas com uma ameaça concreta muito maior, percebem que o que estava acontecendo com elas não era assim tão sério. Assim, essa situação pode até favorecer mudanças positivas pra algumas pessoas."
Entretanto, como nas guerras, o medo dos especialistas está no que vem a seguir, com o fim do confinamento.
PROBLEMAS FAMILIARES
Mais graves, nesse momento, têm se mostrado os problemas familiares. José Luis Perrinó, presidente do Telefone da Esperança de Madri (Tlf.717100371), garante que, em seu serviço, as ligações relacionadas a problemas de solidão aumentaram, mas eles também não perceberam um aumento nas ligações de pessoas com pensamentos suicidas. “Tivemos um aumento de 20% no número de ligações e, nesse momento, prevalecem as questões relacionadas à solidão, a ansiedade sobre o confinamento e os problemas entre casais e filhos”, explica ele.
Jiménez lembra que depois das férias é a época do ano em que ocorrem mais divórcios, após uma convivência mais próxima. "Mas o que está acontecendo nesse período de confinamento é mais intenso, é um teste decisivo para casais.  Essa experiência não é como férias, agora você está preso em casa, fazendo comida, não em um hotel com restaurante, com problemas no trabalho e sem poder escapar " A experiência chinesa de confinamento parece dar razão a esse psicólogo, já que em Wuhan os pedidos de divórcio explodiram após meses de confinamento.
Quando o confinamento terminar é quando tudo vai explodir ", diz o psicólogo.

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 Texto livremente traduzido e adaptado




quarta-feira, 1 de abril de 2020

GUIA para superar o impacto emocional do coronavírus


                       

O coronavírus nesse momento é uma grande ameaça a todos nós. Somos confrontados com emoções desconfortáveis, somos dominados pelo medo, ficamos chocados ao ouvirmos os profissionais de saúde relatando as situações que estão enfrentando, e não parece que as coisas vão melhorar num curto prazo. No entanto, há uma verdade inquestionável: tudo passa. E essa pandemia também vai passar, exatamente como aconteceu com outras pandemias. Por isso, precisamos enfrentar esse problema com uma mentalidade positiva e, para isso, precisamos conhecer mais sobre as fases e as emoções que vamos enfrentar. Reconhecer as emoções que inevitavelmente já surgem ou surgirão nos ajudará a enfrentar essa situação de maneira mais realista e tranquila. Desenvolver uma mentalidade positiva, apesar das circunstâncias. Tal atitude nos permitirá entender que em qualquer mudança, por mais difícil que seja, sempre há oportunidades para continuar aprendendo e avançando como indivíduos e como sociedade.
Este GUIA nos servirá como um roteiro indicando quais que as emoções que passaremos a vivenciar nesse momento:

1.     RECONHECIMENTO DO PROBLEMA
"Existe um vírus na China". Esse foi o começo. Todo grande desafio que acontece em nossa vida pode ser resumido em dois tipos, como a medicina tradicional chinesa diz: desafio do céu, quando é algo desejado, ou desafio do trovão, quando não o procuramos e ao se impor quase sempre arrebenta com nossos planos. Para a grande maioria o coronavírus é um desafio que pertence ao trovão. Poucos esperavam que isso acontecesse.

2.     NEGAÇÃO:
"Isso não vai acontecer aqui." A negação é uma fase comum em quase todos os acontecimentos não desejados. É muito difícil mesmo pra gente assimilar. Nesse caso do coronavírus, nunca acreditamos que iria nos afetar. Nos enchemos de desculpas, como a de que a China estava longe ou de ser apenas mais uma gripe, e esquecemos as evidências: que o mundo é globalizado, inclusive para as doenças e que elas podem ser tão contagiosas a ponto de desorganizar e até mesmo colapsar a própria sociedade como um todo. Durante a fase de negação e quando percebemos o quanto essa situação já nos afeta e pode afetar muito mais, quase sempre passamos a sentir muita raiva. Ficamos furiosos com o sistema, com a falta de medidas tomadas pelas autoridades, com manifestações ou reuniões que amplifiquem o contágio; raiva de pessoas ou grupos que não enxergam a gravidade do momento. A raiva deve ser experimentada, sim, mas também superada. Se permanecermos nessa fase, estaremos perdidos, porque perderemos a oportunidade de aprendizado que existe diante de qualquer crise.

3.     MEDO
“O que vai acontecer comigo, com meus familiares, sobretudo os que estão nos grupos de risco? E a população mais pobre, mais desprotegida? E os resultados econômicos de tudo isso, afetará o meu emprego? O que vai acontecer? Medo, preocupação: essa é a emoção mais profunda e incapacitante que existe. Existe um medo saudável, que é a prudência, que nos obriga a nos proteger e a ficar em casa. E há outro medo tóxico, que nos leva à histeria coletiva, às compras compulsivas ou a não dormir à noite. O medo é outra fase pela qual temos que passar rapidamente. É inútil se deixar levar por essa emoção, que em muitas ocasiões se torna mais contagiosa do que a própria doença. O medo nos causa um profundo dano emocional e paralisa nossa capacidade de enfrentar a crise com realismo e força e com um senso positivo de que tudo isso vai passar.

4.     ATRAVESSANDO O DESERTO
"Estou triste e vulnerável”. Não há mais medo ou raiva, nessa fase o que mais sinto é angústia e tristeza em sua forma mais pura. Estamos abatidos pelo número de doentes e mortos, conhecemos algumas vítimas ou a vítima sou eu mesmo. Essa é uma fase de pura aceitação da realidade. Tomamos consciência de que não está em nossas mãos um completo e absoluto controle da situação. NA CRISE DO CORONAVÍRUS, A JORNADA PELO DESERTO DEVE SER REALISTICAMENTE ENCARADA. A mentalidade positiva que precisamos desenvolver, sem encarar o deserto é falsa e temporária. A boa notícia é que os desertos também são atravessados.

5.     NOVA ATITUDE E CONFIANÇA.
Uma vez que a realidade é compreendida e assimilada, uma nova atitude e uma sensação de autoconfiança começam a nascer. Aceitamos a realidade. Se estamos isolados, encontramos os aspectos positivos dessa situação. Nós nos oferecemos para ajudar os outros por serena solidariedade e não por medo. Embora conscientes da gravidade, somos capazes de brincar e rir da situação e, mais importante, nos abrimos para o aprendizado. Quanto mais procurarmos enxergar o que essa nova crise pode nos ensinar, mais rápido podemos atravessar a curva da mudança.

6.     FIM DA AVENTURA
O coronavírus passou e eu saí dessa situação mais forte. Essa crise entrará para a História, sem dúvida. Outras virão, virão novos problemas, e isso significa que estamos vivos. Se conhecemos o processo e aprendemos como indivíduos e como sociedade, valerá a pena, apesar das muitas perdas que tivermos ao longo do caminho.

Veja bem. As fases descritas não são lineares, mas são progressivas. Ou seja, podemos estar na travessia do deserto e recair às vezes sentindo raiva ou muito medo. Podemos aceitar a realidade adquirindo confiança de que essa crise vai passar e voltar a sentir uma profunda tristeza por tudo o que está acontecendo. Podemos rir de um meme engraçado na internet sobre a situação e daqui a pouco sentir muito medo de perder alguém que amamos. É o que quase sempre acontece, mas você não precisa se sentir culpado por isso. Quanto mais consciência tivermos e mais sincero formos, mais rápido podemos passar por cada fase e mais capacidade teremos de despertar os valores e as potencialidades positivas que cada um carrega dentro de si.



RECONHECIMENTO DO PROBLEMA: "Existe um novo vírus na China”
NEGAÇÃO: "Isso não vai acontecer aqui."
RAIVA: “Por que não tomaram providências antes?”
MEDO: “O que vai nos acontecer? “Eu conheço pessoas próximas com coronavírus!” “E se eu ficar doente e não tiver assistência?
     ATRAVESSANDO O DESERTO:  "Estou triste e vulnerável”
NOVA ATITUDE E CONFIANÇA: “Cuido de mim e me protejo” “Enxergo a oportunidade de aprendizado” “Ajudo os outros” “Apoio-me também no bom humor” “Confio”
O CORONAVÍRUS PASSOU: “Aprendi com essa experiência e estou mais forte”



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 Texto livremente traduzido e adaptado