Um
quarto da população mundial permanece em casa devido a uma pandemia causada por
um coronavírus, que já causou mais de 150.000 mortes em três meses. Um drama de
dimensões que a humanidade não enfrentava há décadas. A magnitude do problema é
tal que muitos dos nossos problemas anteriores tornaram-se menores e sem
importância. E isso, que ocorre no nível social, também ocorre no nível
individual e, segundo especialistas, tem impacto direto nos suicídios: os suicídios
diminuíram.
Javier
Jiménez, psicólogo clínico da Associação de Pesquisa, Prevenção e Intervenção
do Suicídio (na Espanha) garante que todos os psicólogos e
especialistas em urgências, emergências e catástrofes estão convencidos de que
os suicídios diminuíram nesses três meses, embora também reconheçam que, assim que essa situação acabar,
eles vão subir novamente. Segundo esse especialista - com as informações que ele
gerencia dos institutos de medicina legal que consulta e as informações de sua
organização - os casos registrados apontam sim para uma diminuição:
“Na Associação, toda semana temos três, quatro
ou cinco casos de pessoas que nos comunicam da Espanha ou mesmo do exterior,
nos dizendo que alguém próximo cometeu suicídio ou tentou. Agora temos uma ou
nenhuma ligação por semana, nem de ideação suicida [pensamentos suicidas], nem de
intenção, nem de suicídio consumado”.
Embora
esses dados se refiram à sua experiência e à de seus colegas, ainda não se tem pesquisas evidenciando esse fenômeno. Para falar sobre os dados completos sobre suicídio durante esse
período de pandemia, será preciso esperar anos para que o INE os publique.
Esse
psicólogo que monitora os suicídios que ocorrem no mundo garante que, em
relação direta com coronavírus, houve 8 em todo o mundo. Dois deles na Espanha,
duas pessoas que cometeram suicídio em hospitais quando diagnosticadas com
coronavírus. "Para essas pessoas, provavelmente, foi a gota que encheu o
copo, porque não conhecemos a situação anterior delas, então não podemos fazer
uma relação de causa e efeito. O coronavírus seria mais um fator nesses
suicídios, não a causa determinante.”
EFEITO
DE GUERRA
E qual a explicação, ainda que provisória, para esse diminuição de suicídios? "Agora
que estamos comparando essa situação a uma guerra, é exatamente isso que
acontece durante um período de guerra: os suicídios diminuem significativamente",
explica o psicólogo. O motivo é que as prioridades da vida mudam: “Quem
realmente se importa agora se você comprou o iPhone mais recente ou os sapatos
de uma marca famosa? Agora, o importante são álcool gel, máscaras, comida... e ninguém está louco pra sair de casa e
comprar o último modelo de iPhone”.
É
claro que as causas são bem mais complexas, porém "alguns problemas de
pessoas que não sabem muito bem por que alimentavam tantos conflitos, quando
são confrontadas com uma ameaça concreta muito maior, percebem que o que estava
acontecendo com elas não era assim tão sério. Assim, essa situação pode até
favorecer mudanças positivas pra algumas pessoas."
Entretanto,
como nas guerras, o medo dos especialistas está no que vem a seguir, com o fim
do confinamento.
PROBLEMAS
FAMILIARES
Mais graves, nesse momento, têm se mostrado os problemas familiares. José Luis Perrinó, presidente do Telefone da
Esperança de Madri (Tlf.717100371), garante que, em seu serviço, as ligações
relacionadas a problemas de solidão aumentaram, mas eles também não perceberam um
aumento nas ligações de pessoas com pensamentos suicidas. “Tivemos um aumento
de 20% no número de ligações e, nesse momento, prevalecem as questões
relacionadas à solidão, a ansiedade sobre o confinamento e os problemas entre
casais e filhos”, explica ele.
Jiménez
lembra que depois das férias é a época do ano em que ocorrem mais divórcios, após
uma convivência mais próxima. "Mas o que está acontecendo nesse período de
confinamento é mais intenso, é um teste decisivo para casais. Essa experiência não é como férias, agora
você está preso em casa, fazendo comida, não em um hotel com restaurante, com
problemas no trabalho e sem poder escapar " A experiência chinesa de
confinamento parece dar razão a esse psicólogo, já que em Wuhan os pedidos de
divórcio explodiram após meses de confinamento.
Quando
o confinamento terminar é quando tudo vai explodir ", diz o psicólogo.
CASO VOCÊ OU ALGUÉM QUE VOCÊ CONHECE PRECISE DE UMA CONVERSA URGENTE, LIGUE PARA O NÚMERO DE TELEFONE GRATUITO DO CVV - CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA - EM TODO BRASIL: 188
Texto original: “Los suicidios
bajan, pero se elevarán tras el confinamento”
https://www.elindependiente.com/vida-sana/2020/04/19/los-suicidios-bajan-pero-se-elevaran-tras-el-confinamiento/?fbclid=IwAR1KgzoDWYSebYvS1RoFpk0GnrP46627-6RDhHXw9IMn6MURALDmrasja34
Texto livremente traduzido e adaptado
Nenhum comentário:
Postar um comentário