quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O “Setembro Amarelo” Visto Por Quem Teve Uma Perda Para o Suicídio


Setembro foi e sempre será um dos meses mais difíceis do ano para mim. É o mês destinado à campanha Setembro Amarelo, que tem como principal objetivo a prevenção ao suicídio. Eu sou uma sobrevivente de uma perda para suicídio. Eu perdi meu pai ao suicídio em 20 de janeiro de 2000. Lembro-me daquele dia vividamente e, desde então, sua falta nunca permitiu eu me tornar uma pessoa completa.

Quando a minha sobrinha fez 8 anos, em junho, eu chorei. Eu chorei sabendo que ela havia chegado à mesma idade que eu tinha quando perdi meu pai. Ela é uma menina cheia de vida e amor. Certa vez eu fui aquela menina, tão inocente, mas com a partida de meu pai aquela menina desapareceu dentro de mim rapidamente.

Por muito tempo eu tenho me depreciado e venho me fazendo muito mal, por me sentir ainda traumatizada e esmagada pelo acontecimento. Assistir minha sobrinha, por sua vez, comemorar seus oito anos de aniversário foi difícil, mas ao mesmo tempo, era quase como se eu tivesse tido um despertar.

Foi então que eu finalmente percebi a força que tenho, a coragem que eu ganhei. Comecei a me dar créditos por estar atravessando essa tumultuosa tempestade da perda de alguém tão amado. Embora eu esteja ainda cheia de ansiedade e pânico, sofrendo até hoje os efeitos duradouros do trauma e muitas inseguranças, eu continuo a colocar um pé na frente do outro.

Eu sou um trabalho em progresso. Levei 16 anos para compreender como o trauma do suicídio de meu pai marcou-me de forma tão dura e tão difícil. Eu comecei a me dar crédito, porque no final de cada dia eu retorno para casa, e para mim. Já quanto à tempestade, eu pretendo continuar nadando através de suas ondas, não importa quão pesada elas sejam ou quão grande elas fiquem tentando me engolir por inteira.

Através de minha jornada de perder meu pai ao suicídio, descobri que muitas pessoas giram em torno do tema do suicídio. É grande o estigma do suicídio; é tabu falar sobre, e as pessoas muitas vezes se sentem desconfortáveis ​​quando se torna um tema de conversa. Mas o suicídio precisa sim ser um tema de conversas porque ele é uma epidemia; as taxas de suicídio subiram substancialmente nos últimos anos, e elas vão continuar a subir se aqueles que tem necessidade de ajuda não conseguem, por uma razão o outra, obterem a ajuda de que necessitam.

Vivemos em um mundo onde o julgamento é um tema comum, onde pessoas podem ser odiosas e maldosas umas com as outras e não sentirem nenhum remorso com isso. É difícil viver em um mundo onde as pessoas vomitam veneno e ódio. Por isso, preste atenção, quando você perguntar a alguém como está passando, quero dizer, na conversa comum do dia a dia: "Como você está?" "Como vai você?" Saiba que essas três palavras podem fazer uma diferença profunda na vida de uma pessoa que está presa numa grande batalha consigo mesma. Você pode não acreditar nisso, mas compaixão e bondade sempre triunfam sobre o ódio.

É muito importante abrir um diálogo que nos desperte para uma maior conscientização sobre o suicídio e sua prevenção. Não permaneça em silêncio sobre esse assunto. Recentemente, li um livro chamado "Razões Para Estar Vivo", de Matt Haig. Ele escreve: "A vida está esperando por você. Você pode se sentir preso aqui por um tempo, mas o mundo não vai a lugar nenhum. Vá se segurando. A vida sempre vale a pena. " O Mês da Prevenção do Suicídio é para nos ajudar a ir segurando as pontas e para pensarmos juntos sobre aquelas razões pelas quais a vida vale a pena, se você vem achando que ela não vale mais.

É um mês para as pessoas manterem um diálogo sobre o suicídio, para compartilhar suas histórias, para que os que vivenciam esse problema saibam que não estão sozinhos. Para ter certeza de que é possível encontrar ajuda. É só quando o diálogo começa, que é quando a verdadeira mudança ocorre.

Lembre-se sempre, não importa o quão escuro fique, não importa quanto tempo a travessia do túnel possa durar, você nunca está sozinho.




Se você ou alguém que você conhece precisa de ajuda, ligue para o número do CVV: 141 e procure ajuda especializada.



Texto original: A Suicide Loss Survivor's Challenge for Suicide Prevention Month By Kaley Brown / https://themighty.com/2016/09/september-suicide-prevention-month-and-what-it-means-to-me/

Tradução livre e adaptada


2 comentários:

  1. Sou vítima do destino meu pai mataram defendendo a família. Fui estrupada dos 5 anos 9 anos pelo pai d minha mãe. Depois minha mãe casou de novo e na adolescência marido dele quase conseguio de novo. Tenho uma história de vida muito difícil são cousas q nunca vou esquecer na minha vida. É nem perdoar fica muito difícil pra esses monstros. Q não merecem nem o chão q piso. Minhas tentativas de suicídios vem desde a adolescência. A depressão ansiedade general usada bipolaridade de transtornos psicóticos frequentes agressividade contra mim própria mutilações sobre mim sempre. Várias tentativas de suicídios que nunca conseguir concluir por intervenções hospitalares e das pessoas q estão ao meu redor sofrendo tudo isso comigo. Por isso sinto essas dores. Muitos mais fortes q eu não posso controlar. Quando vejo já fiz. Eu me sinto muito mal a angústia e as Dr es são constantes na minha vida desde criança. Não aguento mais sofrer nesse mundo prefiro a morte pode até ser pior pro espírito e a alma. Posso sofrer mais em outra dimensão sem ser esse mundo. Mas ninguém mas sofrerá por mim. Eu ainda penso q a morte é a solução. Pq a dor é maior.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Cada vez mais acredito, Viviane, depois desses anos todos trabalhando com pessoas que apresentam uma intenção de suicídio que, de fato, nessa vida morrer não é difícil, difícil mesmo é enfrentar a vida e seguir vivendo; porque o sofrimento que muitos deles carregam só me falam de uma força interior muito grande, por prosseguirem, apesar de tudo.
      As situações de vida que você relata são mesmo muito, muito dolorosas. Eu não tenho dúvida e nem posso minimizar o peso de tudo isso que vc passou. Mas você vem seguindo em frente...
      Você fala de “várias tentativas de suicídios que nunca conseguir concluir por intervenções hospitalares e das pessoas q estão ao meu redor sofrendo tudo isso comigo. ” Então existem pessoas que te amam ao seu redor. E isso é muito importante...
      Como psicólogo, Viviane, se compreendo o quanto é grande a sua dor, também sou forçado a acreditar que um bom tratamento – se de forma nenhuma vai te fazer esquecer esse seu passado – pode, com certeza te ajudar a enxergá-lo com novos olhos, a desenvolver resiliência, a ser mais calma diante de seus problemas, te possibilitando uma nova maneira de encarar a você mesma.
      Uma pergunta, portanto, você faz tratamento médico e psicoterápico?
      Uma outra: o que é essa outra dimensão, espiritual, que você acredita?

      Excluir