Drauzio –
Tive um paciente, um homem muito equilibrado, que depois de muitas crises de
depressão entrou numa especialmente difícil, rebelde ao tratamento. Certa
feita, ele me disse: Olhe, sei o que está acontecendo comigo. Estou num quadro
depressivo. Já passei por isso outras vezes, mas este está especialmente
difícil. Se for para viver assim, acho que não vale a pena. Para mim, o existir
tornou-se insuportável.
Alexandrina
Meleiro – Esse “existir não vale a pena” é um sintoma da
depressão muito comum nas pessoas que atendo e eu procuro fazer uma aliança com
elas. Peço-lhes um tempo para que possa reverter quimicamente o processo.
Quando sentem que há esperança, que seu problema tem saída e solução, conseguem
suportar essa fase terrível.
Com
frequência encontramos pacientes com doenças graves, em situação difícil,
dizendo que não vale a pena viver assim. Vale. Quando a depressão começa a
melhorar com o tratamento e tiramos o véu que cobre seus olhos, a solução
aparece. No filme Philadelfia, há uma cena que me marcou e que costumo contar
para as pessoas. O protagonista é um paciente com Aids, na época em que esses
doentes eram muito discriminados. Num dado momento, ele se olha no espelho e
fala: Não há problema sem solução.
Isso
é uma verdade profunda. A solução existe, embora às vezes não a enxerguemos. Pode
não ser a solução ideal, perfeita, mas é a possível naquela hora. Se houver
flexibilidade para aceitá-la como se apresenta, veremos que a vida sempre vale
a pena.
Se
você ou alguém que você conhece precisa de ajuda ligue para o número do CVV:
188 e procure ajuda especializada.
um filme é uma obra de ficção,o que está no filme é mentira,é claro que existe problema sem solução,se o meu braço é amputado,isso é um problema sem solução,o meu braço não vai crescer novamente para resolver o meu problema
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