Embora
o filme tenha recebido muita atenção, eu senti a necessidade de abordar o
assunto tema do filme que, a meus olhos é bem mais complexo do que as pessoas perceberam.
Eu também estava preocupada com a mensagem por trás do filme.
Em
resumo, um dos personagens principais, tetraplégico, em última instância,
decide acabar com sua vida, em vez de escolher viver com sua
deficiência. A heroína implora para ele não se matar e promete mudar sua maneira
de pensar. Ele não muda. Ela sucumbe ao aparentemente inevitável.
Muitos
entenderam o filme apenas como outra história de amor como todas as outras.
Alguns diriam que termina de uma maneira poética e satisfatória, mesmo que não tivessem
sido "felizes para sempre". Uma história de amor para as pessoas
desfrutarem sem grandes preocupações.
Discordo.
Essencialmente o que o filme diz é que a vida não vale a pena ser vivida se
você tem uma deficiência grave. E, o que é mais sério, não são as pessoas com
necessidades especiais que lutam contra essa forma de pensar. Isso é o que
torna o filme tão assustador. Ele retrata um estereótipo que é muito real.
Uma
imagem é pintada nesse filme: viver com uma deficiência é um fardo demasiado pesado
para um indivíduo que a possui e para todas as pessoas ao seu redor. Mesmo
para aqueles que se comprometem a amar incondicionalmente e são vistas como
criaturas “elevadas”, pessoas consideradas especiais e mais bem equipadas em "lidar"
com os desafios de amar alguém com uma doença ou deficiência.
Eu acho que essa mensagem é o que me
incomodou. É uma história que diz que o amor não pode suportar
qualquer coisa, e mesmo quando parece que pode, não o pode porque viver com uma
deficiência é muito difícil para todos os envolvidos.
É
verdade - nem todos os que têm uma deficiência consideram que sua vida está
terminada. Nem todo mundo se sente negativamente sobre as circunstâncias mais
difíceis e limitadoras de suas vidas. Na verdade, há um grande número de vozes,
o meu incluído, que dizem que a vida com uma deficiência pode sim ser plena e
maravilhosa. E mais, com deficiência ou não, todo nós nos perguntamos se alguém
sempre vai nos amar, verdadeiramente, somente pela pessoa que somos. A
diferença é que quando esta pergunta é colocada no contexto da deficiência, ela
não é negada tão rapidamente.
É
muitas vezes ignorado e as pessoas não entendem o quão significativo esses preconceitos
podem ser, ou como a sociedade alimenta esses estereótipos na forma como a
deficiência é falada e percebida.
Muitas
pessoas com necessidades especiais já se perguntaram em um ponto ou outro, se
suas vidas são muito difíceis para que uma outra pessoa reconhecer seu valor e
amá-las como uma pessoa real - não por obrigação ou piedade, mas por sentirem
por elas um amor genuíno. Os fatos do mundo em torno de nós gritam que esses
pensamentos de inutilidade e que, possivelmente, nunca serão amados são
justificados. O medo não é infundado.
As
pesquisas têm mostrado que ter uma deficiência leva muitas vezes a pessoa a ser excluída na sociedade.
As
crianças com necessidades especiais têm uma maior probabilidade de sofrer bulling.
A
taxa de divórcio para famílias com necessidades especiais é de até 90% e mais de 75% quando um dos cônjuges tem uma doença crônica.
As
pessoas com deficiência são consideravelmente menos propensas a se casar.
A
eutanásia ou o suicídio assistido foi
legalizado em vários países e em alguns estados
dentro dos EUA; algumas pessoas acreditam que poderia ser, e tem sido, utilizado de forma antiética
contra as pessoas com deficiência.
A taxa de suicídio entre as pessoas
com certos tipos de deficiência é significativamente maior do que para a
população em geral.
Aqueles
que fazem tentativas de suicídio são mais propensos a fazê-lo por causa das mensagens sociais negativas recebidas
da sociedade sobre ser portador de uma necessidade especial.
Filmes
como " Como Eu Era Antes de Você” passam uma mensagem de que todo mundo estará
melhor se as pessoas que têm uma deficiência decidem não viver. Will, o
personagem principal, tetraplégico, justifica esta constatação dizendo para
Louisa, a mulher que ele ama: "Eu não te quero presa a mim, para os meus
compromissos hospitalares, para as restrições da minha vida. Eu não quero que você
perca todas as coisas que um outro alguém poderia dar-lhe. E, de forma egoísta,
eu não quero que você olhe para mim um dia e, por estar ao meu lado, venha a
sentir, ainda que seja, nem um pouquinho de remorso ou piedade ... "
Se
o autor percebeu ou não, ela mostrou uma verdade assustadora. Esta declaração
não está longe dos pensamentos das pessoas na vida real, e são exatamente esses
pensamentos que induzem sentimentos em algumas pessoas com necessidades
especiais para não mais desejarem viver.
Terminar
uma vida é retratada no filme como uma escolha heroica; uma oportunidade
para libertar alguém do fardo de si mesmo enquanto estiver no controle de sua
vida. Mas o que acontece quando aqueles que afetados por uma doença grave
assistem essa escolha? Ela é percebida como uma confirmação do medo de que
eles, por sua deficiência, não são queridos. O heroísmo do personagem é
uma mentira cuidadosamente velada, validando sentimentos de inutilidade por
aqueles com uma deficiência e aludindo à possibilidade de que esta é a forma
como o resto do mundo pensa.
Portanto, esta história não só
contribui para o estigma em nossa cultura, hoje, contra as pessoas com
deficiência, mas pode também levar uma pessoa com necessidades especiais graves
a considerar que sua vida terminou. Esta história teve uma oportunidade
poderosa para mudar o debate sobre a deficiência. Em vez disso, ela contribui
para o problema. É perigoso para a nossa cultura promover algo que indica que
terminar uma vida é uma opção viável quando uma pessoa se sente como se não
fosse mais digna de amor.
Acredite,
algumas pessoas se sentem dessa forma. E é por isso que precisamos conversar
sobre isso. É por isso que temos de fazer alguma coisa. É por isso que temos de
trabalhar para mudar o debate que tem e deve ter lugar dentro da sociedade
sobre as questões da deficiência e como é viver com uma deficiência.
É
por isso que precisamos permanecer dizendo: sua vida é importante. Você é
amado. Sua presença é significativa.
Texto original: When Someone Told Me I Was Wrong About
Suicide and Disability By MaryLynn
Johnson.
http://themighty.com/2016/07/talking-about-suicide-and-disability/
Texto
livremente traduzido e adaptado a nossa realidade.
Se
você ou alguém que você conhece precisa de ajuda telefone para o CVV: 141 e
procure ajuda especializada
Concordo! A vida é um presente de um valor incalculável!
ResponderExcluirConcordo! A vida é um presente de um valor incalculável!
ResponderExcluirBelissimo texto.Concordo mais ainda quando diz que os autores/produtores do filme perderam um precioso momento de desconstruir a imagem negativa da deficiência vigente.Ter uma deficiência é um estigma?A pessoa não pode ser feliz,amada,ter uma vida como qualquer pessoa por quê?Nós criamos essa imagem,esse 'valor'cultural,infelizmente.E isso nos leva a uma 'saida' terrível e falsa:o suicídio.Meu Deus!
ResponderExcluirEu saí indignada do cinema. Final absurdo e ridículo. Se tivesse ideia, não teria pago para assistir. Suicídio nunca deve ser a saída. E qto à mensagem passada, tenho certeza que não foi despercebido. O cinema tem semeado mensagens abomináveis na mente e no coração da sociedade.
ResponderExcluirNão vi o filme, mas entendo bem desse assunto, só acho q pago meus impostos e deveria ter ao menos o direito entre escolher entre morrer de dor tds os dias, ou morrer de uma vez
Excluireutanásia é o mais desejo, pq além de sofrer emocionalmente e fisicamente, e meu esposo e meu único filho amor da minha vida sofrem, e eu automaticamente faço eles sofrerem, só quem passa pra sentir, entender, ter compaixão
Não vi o filme, mas entendo bem desse assunto, só acho q pago meus impostos e deveria ter ao menos o direito entre escolher entre morrer de dor tds os dias, ou morrer de uma vez
Excluireutanásia é o mais desejo, pq além de sofrer emocionalmente e fisicamente, e meu esposo e meu único filho amor da minha vida sofrem, e eu automaticamente faço eles sofrerem, só quem passa pra sentir, entender, ter compaixão
Eu saí indignada do cinema. Final absurdo e ridículo. Se tivesse ideia, não teria pago para assistir. Suicídio nunca deve ser a saída. E qto à mensagem passada, tenho certeza que não foi despercebido. O cinema tem semeado mensagens abomináveis na mente e no coração da sociedade.
ResponderExcluirFalou muito bem! Pura verdade! O amor tudo crê tudo, sofre tudo suporta! O verdadeiro amor!
ResponderExcluirFalou muito bem! Pura verdade! O amor tudo crê tudo, sofre tudo suporta! O verdadeiro amor!
ResponderExcluirMas podemos ter outra visão, a de que uma pessoa totalmente independente e cheia de vida e futuro se sente de uma hora para a outra incapaz de realizar tarefas simples como beber um copo de água, ir ao banheiro, atender um telefone. Hoje temos muitas necessidades menos a de viver! Estamos acostumados a não ter ajuda e pensar tanto em nós mesmos que quando nos vemos em uma necessidade de depender de qualquer forma de alguém é frustrante. Temos que desacelerar, olhar em volta e ver que todos depende de ajuda. Em alguma área da nossa vida somos dependentes de alguém, seja financeiramente, emocionalmente, economicamente. O ser humano tem necessidade sempre baseado no outro. Mas cada um tem uma forma de aceitar isso. Não podemos julgar apenas aceitar. Não somos ilhas, somos humanos.
ResponderExcluirFoi dado ao homem o livre arbítrio, façamos sempre a nossa parte à ajudar e semar o bem. Cada um tem o seu caminho.
ResponderExcluirA mensagem foi passada e muito bem passada, foi feita pra mexer com cada um de nós, com algo, que ninguém gosta de falar.
Ridicula a tua falta de resoeito de qyem pensa diferente de ti. Eu acredito ba vuda, mas cada um deve ter o poder de decusao o filme mistra isto uma pessoa com decisao. Eke teve um tempo viveu sua deficiencia ate perceber que sua escolha na vida era terminar, nao fez a escolha enquanto estava trusre ou descontrolado. Creio que hoje em dia este teu posiciobanento e pior cobra denaus do deficiente
ResponderExcluirRidicula a tua falta de resoeito de qyem pensa diferente de ti. Eu acredito ba vuda, mas cada um deve ter o poder de decusao o filme mistra isto uma pessoa com decisao. Eke teve um tempo viveu sua deficiencia ate perceber que sua escolha na vida era terminar, nao fez a escolha enquanto estava trusre ou descontrolado. Creio que hoje em dia este teu posiciobanento e pior cobra denaus do deficiente
ResponderExcluirE veio a Paraolimpíadas do Rio para mostrar o que é viver com deficiência, com muito esforço e superação.
ResponderExcluirO filme traz a tona uma realidade vivida por pessoas com deficiências físicas, isso não significa incentivar atitudes semelhantes ao do protagonista.
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