Pintura "Meninos soltando pipa", 1941, Cândido Portinari
Visto ainda como um tabu, o suicídio
infantil é um tema delicado e que muitas vezes é difícil de ser diagnosticado. Apenas
estudado a nível internacional, a incidência de suicídio infantil parece, no
entanto, estar aumentado nos últimos anos.
Definição
Uma
criança ou adolescente suicida é um menor que planeja ou faz tentativas de
acabar com sua própria vida.
O
termo "suicídio infantil" significa o ato pelo qual uma criança provoca
a sua própria morte de maneira voluntária. Na maioria dos casos, isso não
significa simplesmente um desejo de morrer, mas acontece como o último recurso
para escapar de um grande sofrimento ou de uma situação para a qual a criança
não encontra saída.
A
tentativa de suicídio é definida como um ato – que não teve êxito –através do
qual a criança expressa um desejo de prejudicar-se, colocando-se em perigo e
com a intenção real de provocar a sua própria morte.
Tentativas de suicídio nem sempre são tentativas que falham. Muitas são consideradas como uma tentativa desesperada de chamar a atenção para os problemas ou sentimentos de abuso e violência que a criança está vivenciando.
Tentativas de suicídio nem sempre são tentativas que falham. Muitas são consideradas como uma tentativa desesperada de chamar a atenção para os problemas ou sentimentos de abuso e violência que a criança está vivenciando.
Os dados globais sobre o
suicídio infantil
O
suicídio infantil é um assunto tabu na maioria dos países. Ainda que esse
problema entre adolescentes esteja sendo cada vez mais investigado, existem
poucos estudos científicos sobre o suicídio em crianças mais jovens (com menos
de 13 anos), e não há dados sobre a incidência deste fenômeno a nível
internacional. No entanto, sabe-se que as razões que levam as crianças a
cometer suicídio são muito diferentes daqueles que motivam os adultos.
O
suicídio infantil às vezes é difícil de diagnosticar porque as crianças têm
mais dificuldade do que os adultos para expressar seus conflitos ou
infelicidade. O suicídio de
crianças também é confundido ou pensado, quase sempre, como um acidente: muitas
vezes atribuído ao imprevisto de cair ao se debruçar em uma janela ou atravessar
uma rua na hora errada, e ser atropelado, por exemplo. Também a morte
de crianças órfãs e / ou de crianças que
moram nas ruas muitas vezes não são investigadas ou mesmo registadas pelas
autoridades em alguns países, o que torna difícil para se obter
estatísticas ou realizar estudos.
De
acordo com algumas das poucas pesquisas existentes – a maioria realizadas em
países industrializados – a maioria das crianças que se suicidam são geralmente
do sexo masculino, enquanto a maioria das tentativas de suicídio são feitas por
meninas.
Um
estudo norte-americano revela que o suicídio é a quarta principal causa
de mortalidade entre crianças de 10 a 14
anos, e a terceira em crianças com mais de 15. Inclusive há o relato mesmo do
suicídio de uma criança de 7 anos. De acordo com dois estudos suíços
realizados em 2004, feito com crianças entre 11 e 15 anos e adolescentes entre
16 e 20 anos, aproximadamente 8% das meninas e 3% dos meninos admitiram terem feito
uma tentativa de suicídio pelo menos uma vez sua vida.
Na
maioria destes estudos observou-se uma tendência crescente de suicídio infantil
e um aumento no comportamento de risco que anteriormente só era atribuída a
adolescentes.
Causas de suicídio em
crianças e adolescentes
O fim da Infância e início da adolescência
muitas vezes são períodos difíceis e que apresentam muitos desafios, tais como
alterações hormonais, maiores responsabilidades escolares, a necessidade de
trabalhar ou relações pessoais problemáticas, entre outros, que podem levar a
criança a desenvolver pensamentos negativos.
No entanto, falar de um único fator precipitante seria incorreto. Embora
um evento significativo, como a perda de um ente querido, divórcio dos pais, mudanças,
abusos, etc., possam empurrar uma criança a cometer suicídio, estes fatores
devem ser vistos, muitas vezes, como o que fazem transbordar o que já estava
lotado. Dessa forma, então, é preferível falar de múltiplas causas e
circunstâncias agravantes.
Fatores pessoais
O
mais frequentemente mencionados são fatores psicológicos (depressão, ansiedade,
de personalidade antissocial, ...) e comportamentais (agressão, abuso de álcool
ou drogas).
Fatores familiares
O ambiente familiar também desempenha um papel
importante se ele não é capaz de proporcionar à criança uma atmosfera
suficientemente segura durante todo o seu crescimento. Abandono,
negligência, abusos, perda de parâmetros culturais (como no caso de uma mudança
forçada) e a falta de projetos futuros podem encorajar tendências
suicidas. Em geral, o isolamento social ou emocional é uma das principais
causas de suicídio.
Outros fatores
Também
devem ser considerados outros fatores que ocorrem algumas vezes ou que são específicos
para um determinado país, como cyber-dependência (vício em jogos de vídeo ou
internet), o bulling na escola ou violência devido à orientação sexual ou por pertencer
a uma minoria.
Por
exemplo, no Japão, onde as autoridades não conseguiram controlar este fenómeno,
o abuso e bulling escolar foram responsáveis por 14 dos 40 suicídios que
foram relatados entre 1999 e 2005.
O caso das minorias
A
taxa de suicídio entre os jovens em comunidades indígenas no Brasil, e
aborígenes na Austrália, por exemplo, é quatro vezes mais elevada do que a taxa
nacional de suicídio nesses países devido à violência física e psicológica, bem como à discriminação social.
Prevenção do suicídio infantil
Detectar atitudes
suicidas
Detectar
e compreender os sinais antes que os filhos levem a cabo seus impulsos é
importante na hora de tomar as medidas necessárias para prevenir o suicídio. Os
pais e outras pessoas próximas à criança, como os professores, devem prestar
atenção ao seu comportamento e suas atividades para que possíveis sinais
sugestivos de depressão ou pensamentos suicidas não passem despercebidos.
A seguir, uma lista de
sintomas ou sinais que podem ser bastante preocupantes, especialmente se vários
deles se manifestem ao mesmo tempo:
- Distúrbios do sono (dormir demais ou muito pouco)
- Perda de apetite e / ou peso
- Isolamento da família e dos amigos
- Perda de interesse em atividades favoritas
- O absentismo: faltas e atrasos constantes na escola
- Agressividade física ou psicológica
- Abuso de álcool ou drogas
- A falta de preocupação com a aparência e higiene
- Correr riscos desnecessários
- Interesse por assuntos sobre morte ou suicídio
- O envio de mensagens preocupantes pela internet
- Notas baixas ou problemas escolares incomuns
- Dificuldade de concentração
- Pensamentos negativos e de baixa autoestima a respeito das qualidades próprias e realizações
- Distúrbios do sono (dormir demais ou muito pouco)
- Perda de apetite e / ou peso
- Isolamento da família e dos amigos
- Perda de interesse em atividades favoritas
- O absentismo: faltas e atrasos constantes na escola
- Agressividade física ou psicológica
- Abuso de álcool ou drogas
- A falta de preocupação com a aparência e higiene
- Correr riscos desnecessários
- Interesse por assuntos sobre morte ou suicídio
- O envio de mensagens preocupantes pela internet
- Notas baixas ou problemas escolares incomuns
- Dificuldade de concentração
- Pensamentos negativos e de baixa autoestima a respeito das qualidades próprias e realizações
Passos a seguir
O
mais importante é a atenção dos membros da família e do pessoal da escola, que
devem apoiar a criança e não ignorar ou desacreditar seus sentimentos e
problemas, especialmente se a criança está passando por um período
estressante ou mudanças profundas em sua vida. Esforços devem ser feitos
para eliminar progressivamente pensamentos suicidas ou comportamentos
destrutivos.
O
pessoal da educação (professores,
orientadores escolares, psicólogos escolares, etc.) deveriam ser treinados para
detectar sinais de alerta e responder prontamente a esses sinais. Os pais
que suspeitam que seu filho tenha pensamentos suicidas devem imediatamente
procurar ajuda especializada, levando sua suspeita aos próprios membros da
escola ou a um psicólogo e psiquiatra.
Reforçamos.
Se os sintomas indicam uma situação séria, é importante que a criança seja
encaminhada a uma consulta com um psicólogo ou um psiquiatra para determinar se
é portadora de transtornos mentais ou comportamentais. Isso deve levar a
um tratamento adequado: tratamento psicológico e psiquiátrico, medicamentos de
prescrição e, se necessário, a hospitalização.
Se você ou alguém que você conhece precisa de ajuda, por favor, ligue para o telefone do CVV 141 e procure ajuda especializada.
Texto original: Suicidio infantil: un fenómeno complejo y difícil de explicar
http://www.humanium.org/es/suicidio-infantil/
Humanium es una ONG internacional de apadrinamiento de niños
comprometida a acabar con las violaciones de los Derechos del Niño en el mundo
Texto livremente traduzido e adaptado.
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